domingo, 6 de janeiro de 2013

A Singularidade está próxima

                Desde o momento em que nossos ancestrais usaram um graveto para alcançar o fruto mais alto de uma árvore, nós estamos criando tecnologia. É através dela que podemos expandir nossas capacidades e moldar o mundo a nossa volta. Mas a tecnologia tem uma propriedade fundamental: seu crescimento é exponencial.
                Processos evolutivos em geral tem este padrão e muito antes dos seres humanos evoluírem já se observa o mesmo fenômeno. O primeiro paradigma da evolução biológica foi o DNA, isso demorou 1 bilhão de anos. O passo seguinte foi a Explosão Cambriana, isso foi 100 vezes mais rápido, levando apenas 10 milhões de anos. Depois de mais alguns passos, o Homo Sapiens, a primeira espécie criadora de tecnologia, evoluiu em algumas centenas de milhares de anos. Então da evolução biológica passamos para a evolução tecnológica.  Foram necessários dezenas de milhares de anos pra se criarem ferramentas de pedra, o fogo, a roda.
 
                Sempre usamos tecnologia inventada para criar a próxima tecnologia. Portanto, o ritmo se acelera cada vez mais. Pense em como a vida era há 500 anos atrás. Muita pouca coisa acontecia em um século. Hoje muita coisa acontece em apenas 6 meses. Não é difícil perceber que nossas mudanças se dão a um ritmo cada vez mais acelerado. Pense em todo o progresso alcançado dentro de 1 ano há 10 anos e compare com o progresso alcançado dentro deste mesmo 1 ano só que atualmente. Só que esta mudança ficará ainda mais rápida nas próximas décadas e nós chegaremos a um ponto onde as mudanças serão tão rápidas e os seus efeitos tão profundos que todos os aspectos da vida humana serão irreversivelmente transformados. Daqui a 40 anos o ritmo da mudança será tão assustadoramente rápido que não seremos capazes de acompanhá-lo, a menos que aumentemos nossa própria inteligência, nos fundindo com a tecnologia inteligente que estamos criando. Esta será uma profunda transformação. A ela nós chamamos de Singularidade.
                Nesta primeira metade do século XXI três campos apresentarão avanços notáveis: genética, nanotecnologia e robótica.
Todas as maravilhas e desgraças da vida são processos de informação, essencialmente programas de software surpreendentemente compactos. Entendendo perfeitamente como estes softwares operam, podemos reprogramar nossa genética.
Mas a genética não é nada comparada com o que alcançaremos com a nanotecnologia. Os primeiros computadores eram do tamanho de prédios, hoje eles cabem no seu bolso. Isso levou 40 anos. Daqui mais 25 anos, esse computador de bolso será do tamanho de uma célula sanguínea. Computadores não serão mais aqueles aparelhos retangulares e distantes, eles estarão profundamente integrados ao nosso corpo, nos auxiliando, nos tornando melhores.
Seremos capazes de descarregar software contra agentes patogênicos específicos. Inclusive aqueles que nunca foram vistos. Não seremos mais alvos de doenças autoimunes. Estes nanorrobôs terão o tamanho de células ou mesmo menores.
Percorrendo toda nossa corrente sanguínea, limparão nossas artérias muito antes delas entupirem. Destruirão vírus, bactérias, células cancerígenas muito antes de qualquer dano. Poderão reparar até mesmo as células cerebrais.
Daqui a duas décadas, estes nanorrobôs farão até mesmo as funções que nossas células e tecidos fazem, mas com uma precisão infinitamente maior. E se olharmos para o que será, em princípio, possível com a nanotecnologia, nós poderemos ir muito mais além das limitações dos nossos corpos “versão 1.0”.
A genética e a nanotecnologia nos trarão possibilidades incríveis ao nos aprimorar, é verdade. Mas, filosoficamente falando, nada se compara com a radical revolução da robótica. Enquanto nossas células neurais são substituídas por nanotecnologia, nós estaremos expandindo nossa capacidade de processamento. Pensando mais e mais rápido, ou seja, estaremos nos tornando exponencialmente mais inteligentes. A vida por tempo indefinido que alcançamos será ampliada e fortalecida. Seremos capazes de emular completamente o nosso cérebro. Seremos capazes de apreender tudo aquilo que compõe nossa consciência, como memórias e habilidades, e poderemos transferi-la para um novo corpo ou, melhor, poderemos fazer o upload de nossa consciência a um computador. Alcançaremos a ideia que temos hoje de imortalidade.
Com a incrível capacidade de processamento alcançada, poderemos criar realidades completamente virtuais e indistinguíveis desta nossa realidade. Seremos 99% inteligência artificial e apenas 1% biologia. Seremos capazes de expandir nossa inteligência em bilhões e bilhões de vezes. Seremos capazes de moldar o mundo de formas além da imaginação. Estaremos mais perto da ideia que fazemos hoje de Deus.
À medida que nos fundimos com as máquinas, e nós iremos, é inevitável, vamos nos transformar em algo novo. À medida que a tecnologia se torna vastamente superior ao que nós somos, a pequena dimensão que ainda é humana vai tornando-se menor e menor, até que se torne insignificante. Mas este é o destino da humanidade, a constante evolução do universo em direção à informação e à inteligência.