quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A Singularidade Tecnológica


Há 500 anos atrás, pouca coisa acontecia em um século. Agora muita coisa acontece em apenas 6 meses. Estamos cada vez mais imergidos em nossa tecnologia, nos fundindo com ela. À medida que a aprimoramos, nós também nos tornamos mais aprimorados, evoluindo nossas capacidades antigas e descobrindo outras novas.
A tecnologia nos acompanha desde o início de nossa espécie. Desde o momento em que pegamos um graveto para alcançar um fruto em uma árvore, aprendemos a controlar o fogo ou moldamos o ferro, estamos estendendo nossas habilidades em nosso benefício. Estamos ampliando nossas capacidades físicas e mentais para moldar o mundo a nossa volta.
A tecnologia vem sendo então a única ferramenta capaz de solucionar problemas e redescobrir novos horizontes. E cada vez mais ela alimenta a si própria, crescendo cada vez mais e a um ritmo cada vez mais acelerado.
O grande erro ao lidarmos com nossa evolução é acreditar que ela ocorre em um crescimento linear. Com esta visão, podemos não enxergar o quanto avançamos em períodos de uma ou duas décadas. Porém, a natureza do progresso tecnológico é exponencial. As mudanças alcançadas em um ano são hoje muito maiores do que as mudanças alcançadas neste mesmo período de tempo há 10 anos atrás.
Se contarmos linearmente de 1 a 30, depois de 30 passos chegaremos ao 30. Mas se contarmos exponencialmente, após os mesmos 30 passos chegaremos ao 1 bilhão. É uma diferença dramática.


A razão para este crescimento é que usamos a tecnologia inventada para criar a próxima. Cada geração de tecnologia cresce exponencialmente em capacidade e a velocidade deste processo se acelera ao longo do tempo.
            Podemos hoje averiguar que o poder dos semicondutores é exponencial. A cada 2 anos, podemos colocar o dobro de componentes em um chip e assim torná-lo mais rápido. Processos evolutivos em geral possuem este comportamento. Mesmo antes dos seres humanos evoluírem, já se observava o mesmo fenômeno no planeta (estes dois casos serão devidamente tratados futuramente).
Sempre usamos tecnologia inventada para criar a próxima tecnologia. Portanto, o ritmo da tecnologia acelerou. Crescendo a um nível cada vez maior, a mudança ficará ainda mais rápida nas próximas décadas. Chegaremos a um momento em que as mudanças serão tão rápidas, seus efeitos tão profundos, que todos os aspectos da vida humana serão irreversivelmente transformados.
Este é o ponto que chamamos de Singularidade Tecnológica. Então não nos restará outra alternativa a não ser expandir nossas capacidades para acompanhar este processo. Não haverá uma clara distinção entre humanos e máquinas. Computadores estarão em nossos cérebros e corpos. Seremos um híbrido de inteligência biológica e artificial. Teremos a oportunidade de transcender tudo aquilo que conhecemos. Estaremos profundamente integrados com a tecnologia que criamos, teremos máquinas mais inteligentes que nós. Este novo paradigma nos tratará avanços hoje impensáveis nos campos da genética, nanotecnologia e robótica. Teremos possibilidades completamente novas: poderemos reprogramar nossa biologia, deter o envelhecimento, poderemos imergir em realidades completamente virtuais, reproduzir nossa consciência e transferi-la para computadores, viveremos indefinidamente, alcançaremos a imortalidade.
Um evento jamais visto ou imaginado antes pela humanidade se aproxima. De acordo com os padrões de crescimento observados, em 2029 computadores alcançarão o nível humano, se tornarão mais inteligentes que nós, se tornarão conscientes. Serão autônomos, poderão se autoreparar e automelhorar. Alcançarão uma inteligência bilhões e bilhões de vezes maior que a nossa.
            E em 2045 poderemos finalmente experimentar a Singularidade Tecnológica.


Nos próximos posts discutiremos com mais precisão a Singularidade Tecnológica, suas implicações e a base de teses que a fundamentam.