Nós somos a única espécie capaz de produzir conhecimento neste planeta. E é justamente este o fenômeno que sempre nos permitiu questionar o mundo à nossa volta. Mas apesar de todas as nossas tentativas de dar significado e propósito à nossa existência, o mesmo pano se levanta dolorosamente ante nossos olhos: a morte.
Por milhares de anos a humanidade tentou racionalizar a morte. Filosofias bastante elaboradas foram desenvolvidas na tentativa de dar algum significado positivo a este acontecimento. Uma transição a um estágio mais evoluído, uma vitória, a conclusão de uma etapa de uma jornada maior e mais significativa... Sempre buscamos aliviar nosso sofrimento nos escondendo da morte. Negando-a. Dissimulando, evitando encarar a sua existência.
Todos os nossos corpos biológicos são limitados. E, de um jeito ou de outro, nós temos que lidar com nossas limitações. Mas não há nada de bom ou nobre nas doenças e na morte. No passado não havia alternativa a não ser tentar racionalizar – “Esta tragédia é na realidade uma coisa boa”, muitos dizem. Mas a morte é uma profunda tragédia. A morte é uma dolorosa vergonha, nosso fim, nossa derrota mais humilhante, a morte é a dissipação da dádiva mais maravilhosa que há no universo: a consciência. É uma perda enorme em termos de relações, de conhecimento, de habilidades e de sentido.
Algumas pessoas articulam: “nós temos que aceitar a morte, esse é o objetivo da vida”. E ficam confortáveis com isso, se conformam com a ideia. Eu não me conformo. Eu simplesmente não posso me conformar. Não posso aceitar a morte como algo bom, eu não posso olhar para o meu derradeiro destino e acreditar que a extinção da minha consciência seja uma coisa boa, não posso internalizar positivamente a minha morte.
Por muitas noites, em quase todas as noites, eu perco meu sono ao pensar no fim da minha existência. Chego às portas da loucura e caminho alguns passos dentro dela ao imaginar que em qualquer momento, da forma mais inesperada ou óbvia, eu posso morrer e simplesmente deixar de existir, sem mesmo tomar consciência deste momento. No momento em que consigo voltar, eu olho ao meu redor e tento entender como as pessoas podem se conformar com tamanha complacência o seu fim eterno e irreversível.
A tragédia da doença e da morte tem de ser vivenciada pessoalmente para realmente avaliarmos o seu significado. Perder alguém que você ama é intolerável. É razão suficiente para trazer alguém de volta. As pessoas estão matando a si mesmas quando dizem que estão confortáveis com a morte. Elas se renderam à morte. Penso que estão se enganando. No passado não havia alternativa, não havia escolha. Mas não podemos continuar com este pensamento, não podemos seguir nos rendendo. Não agora que podemos vislumbrar as incríveis possibilidades que a tecnologia nos abre. Não agora que finalmente começamos a alcançar taxas efetivas de crescimento exponencial. Agora conhecemos o rumo que estamos seguindo, agora podemos trabalhar já enxergando o que está por vir no horizonte. Não podemos nos limitar ao passado, precisamos viver o futuro que chega.
Então eu me dei conta de que esta missão de não morrer é realmente a escolha certa. Não é garantido que eu conseguirei. Não sou imune a tudo o que possa me acontecer. Mas se eu fosse um apostador, apostaria que conseguirei chegar ao momento em que poderei me aprimorar e obter proteção antes do “apagar das luzes”.
As implicações destas ideias tem ressonância com algumas ideias religiosas tradicionais. A ideia de uma profunda transformação no futuro, vida eterna, trazer de volta os mortos. O fato de usar tecnologia para atingir estes objetivos, que são comuns a todas as filosofias humanas não é mera coincidência porque esses são os objetivos da humanidade. Agora estamos ganhando mais ferramentas para atingir estes objetivos. Eu quero viver eternamente, eu creio que posso alcançar isto. Eu me manterei o mais firme possível e dedicarei as próximas décadas a este objetivo, até que o momento enfim chegue.
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