segunda-feira, 7 de maio de 2012

A Singularidade

                 Há 500 anos atrás muita pouca coisa acontecia em um século. Hoje muita coisa acontece em apenas 6 meses. Não é difícil perceber que nossas mudanças se dão a um ritmo cada vez mais acelerado. Pense em todo o progresso alcançado dentro de 1 ano há 10 anos e compare com o progresso alcançado dentro deste mesmo 1 ano só que atualmente.
                Isto se deve ao fato de que nossa tecnologia cresce a um ritmo exponencial. Cada geração de tecnologia cresce exponencialmente em capacidade e a velocidade deste processo se acelera ao longo do tempo. Sempre usamos tecnologia inventada para criar a próxima tecnologia. Portanto, o ritmo da tecnologia acelerou. Crescendo a um nível cada vez maior, a mudança ficará ainda mais rápida nas próximas décadas.
                Esta é a chave fundamental para a compreensão do caminho evolutivo que estamos traçando. Seguindo este crescimento, chegaremos a um momento em que as mudanças serão tão rápidas, seus efeitos tão profundos, que todos os aspectos da vida humana serão irreversivelmente transformados. A este ponto chamamos Singularidade Tecnológica.
           A Singularidade possui diversos significados, pode ser entendida de diversas maneiras de acordo com nosso ponto de vista. Mas essencialmente ela representa uma explosão de conhecimento. A curva do desenvolvimento tecnológico se acentua cada vez mais exponencialmente, chegando a um momento em que ela, pelo menos sob o nosso ponto de vista humano (da maneira como compreendemos o ser humano hoje), se torna virtualmente vertical, tendendo ao infinito. E esta explosão não será alcançada através da nossa inteligência biológica que sempre permanece fixa ao longo do tempo. Ela será alcançada justamente pela tecnologia que estamos criando, por nossa inteligência artificial cada vez mais poderosa.
A inteligência artificial está cada vez mais presente ao nosso redor. Enviamos e-mails, utilizamos cartões de crédito, possuímos sistemas de localização por satélites... Poderíamos citar uma infinidade de tarefas hoje realizadas por computadores que antes somente humanos poderiam realizar. Mas na verdade a inteligência artificial ainda é algo ainda bastante limitado.        
Costumamos pensar em nossas máquinas como avançadas em relação a nós. Em parte isto é verdade. Enquanto mal conseguimos nos lembrar de alguns telefones e datas, eles possuem um armazenamento ilimitado em comparação a nós, podem através da Internet ter acesso a todo o conhecimento humano. Mas o seu poder de computação é na verdade bem inferior em relação ao cérebro humano.
Nós não temos um método de verificar a consciência de uma entidade, a consciência é algo subjetivo que não pode ser provado. Mas pense em um personagem de um jogo de computador. Quando ele diz a você que está zangado ou triste, nós não acreditamos nele porque ele não tem todos os sinais sutis que associamos à inteligência humana. Precisamos começar por entender que os neurônios são máquinas, eles podem ser copiados por uma máquina e já fizemos isso. E se um neurônio é uma máquina, 100 bilhões deles, que são o cérebro, são uma máquina complexa. As máquinas não irão apenas resolver problemas de lógica ou produzir conhecimento como fazem hoje. Na verdade, elas já nos superam em problemas matemáticos e de lógica. Mas elas terão inteligência emocional. Essa é a coisa mais impressionante que fazemos, na verdade. A inteligência emocional, como ser divertido, entender uma piada, expressar um sentimento, é a parte mais sofisticada da inteligência humana, é a coisa mais impressionante e sofisticada que fazemos.
Mas enquanto nossa capacidade biológica permanece fixa, as máquinas crescem a um ritmo exponencial e esta taxa também aumenta cada vez mais. Então quando as máquinas da década de 2030 ficarem irritadas, você vai acreditar nelas porque elas mostrarão todos os sinais sutis e a complexidade da inteligência humana.
Podemos fazer uma lista de 100 softwares que fazem, em nível humano, coisas que antes exigiam inteligência humana. Mas isto ainda é algo limitado. Mas em 2029 não será mais, terá todo o alcance da inteligência humana. Com o crescimento do nosso poder computacional e nossa capacidade igualmente crescente de entender o cérebro humano, seremos capazes através da engenharia reversa dos princípios de operação do nosso cérebro de recriar completamente nossa inteligência.
Esta será uma combinação muito poderosa, porque poderemos combinar a sutileza e o poder de reconhecimento de padrões da inteligência humana com as capacidades que as máquinas já tem, maiores que as humanas. Elas podem se lembrar de bilhões de coisas, ter acesso a todo o conhecimento humano. A parte artificial da civilização humano-máquina crescerá exponencialmente, sua capacidade é duplicada a cada ano e essa taxa também fica cada vez mais rápida. A parte biológica permanece fixa. Mas não teremos humanos aqui e máquinas ali. Será realmente uma só civilização. As máquinas sempre foram parte do que somos, são uma extensão de nós. Desde que pegamos um graveto para chegar a um ramo mais alto, as ferramentas são extensões das nossas capacidades. Antes era um alcance físico, hoje já é um alcance mental. Hoje as máquinas estão ao meu redor. Aquele computador que há 40 anos era do tamanho de um prédio hoje cabe no meu bolso. Daqui a 25 anos, ele será do tamanho de uma célula. Estará presente em meu cérebro, no meu sangue. Em 2045 a parte artificial da inteligência da civilização humano-máquina será 1 bilhão de vezes mais poderosa do que a parte biológica. Isso é uma transformação tão profunda que chamamos de Singularidade.
Se queremos seguir este caminho evolutivo, se queremos dar seguimento à nossa civilização, devemos nos fundir com nossa tecnologia. Apenas nos tornando mais inteligentes podemos acompanhar este crescimento. Não se trata de uma opção, trata-se de uma necessidade. Então possibilidades hoje sequer sonhadas se abrirão.
Seremos capazes de reproduzir o sofisticado software que chamamos de consciência humana. Poderemos fazer um backup de nossa consciência, armazenar nossas emoções, memórias, habilidades, enfim, todo o conjunto que forma a nossa consciência e transferi-la para um computador. Criaremos corpos sob medida, corpos robóticos construídos a partir de nanorobôs, efetuando o mesmo papel de nossas células só que de forma mais precisa e eficiente. A nanotecnologia nos permitirá reconstruir o mundo, deter todas as doenças, deter o envelhecimento. Seremos 99% robótica e não biologia. Na metade da década de 2020, viveremos em mundos completamente virtuais, passaremos mais tempo neles do que nesta realidade de hoje. Seremos imortais, capazes de viver indefinidamente e estaremos mais perto da ideia que fazemos hoje de Deus.
Seremos bilhões e bilhões de vezes mais inteligentes. E estes são claramente os meus objetivos: vencer a morte, transcender minha essência humana a algo mais refinado, me tornar um novo paradigma evolutivo ao me fundir com nossas máquinas. Quero trazer os mortos de volta. Quero seguir o caminho de evolução do universo em direção à complexidade da informação e da inteligência. Então se você me fizer a pergunta, Deus existe? Eu responderia: Provavelmente não, mas nós iremos criá-lo.

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